3.6.03  

VALEU TITE

Terá sido válida a passagem de dois anos e cinco meses de Tite pelo Grêmio? A resposta é sim, claro que valeu. E, para os que gostam de criticar o treinador, vou lembrar apenas um fato. Eu estava naquela final da Copa do Brasil em 1995, quando o Tricolor perdeu em casa para o Corinthians com um gol do Marcelinho Carioca. A volta de Porto Alegre para Florianópolis foi uma das mais longas, quase sete horas por causa da neblina. A primeira palavra no carro foi dada quase duas horas depois de sairmos do Olímpico Monumental. Daquele momento em diante tudo que eu esperava era uma vingança. Eu e meu pai, que apesar de não acompanhar futebol com a mesma freqüencia, não engolia aquela derrota.

E tinha de ser uma vingança perfeita, não uma daquelas que os saudosistas gostam de falar toda vez que o Brasil enfrenta o Uruguai. Eu queria a vingança verdadeira, uma vingança comparada àquela que só será realizada quando houver uma nova Copa do Mundo no Uruguai, com o Brasil fazendo uma final contra os donos da casa. Esperava dar o troco nas mesmas circunstâncias e não ligava para quanto tempo isto pudesse demorar, desde que eu saboreasse o prato, mesmo frio.

A vingança contra o Corinthians foi a mais perfeita na história do futebol brasileiro. Quis o destino que seis anos depois os dois mosqueteiros chegassem novamente a uma final de Copa do Brasil e, quis também o destino, que desta vez o Corinthians fosse o grande favorito e que o resultado do primeiro jogo tenha sido amplamente favorável ao Timão: empate em 2 a 2 no Olímpico, time dominando a partida e encaminhando a possibilidade de ser campeão sem nem ao menos precisar fazer gol no jogo da volta.

Foi 17 de junho, um domingo, Morumbi com 80 mil corintianos já comemorando o título antes mesmo de a bola rolar. Os 10 primeiros minutos de jogo bastaram para que eu me acomodasse na poltrona e começasse a curtir, mais uma vez, a sensação de ser campeão. Até Marinho, que aquele ano havia se especializado em fazer gols-contra, estava bem, tão bem que foi dele o primeiro gol, aos 43.

Aos dois minutos do segundo tempo, o Marcelinho Paraíba roubaria uma bola na lateral-esquerda do Corinthians e passaria para Zinho fazer um golaço. Nem o gol do Timão abalou o Tricolor. O terceiro saiu ao natural, com o Paraíba. Inúmeras oportunidades para se ampliar o placar ainda surgiriam até o fim da partida. E o grande responsável por tudo isso foi o Tite, que, como Luiz Felipe Scolari, fez um time mediano render mais que o esperado. Tite foi o responsável pela vingança perfeita.

Pena que a alegria pela conquista tenha durado menos de 24 horas, até o telefonema de minha irmã informando que meu pai, o sempre tranqüilo, bem-humorado, querido e saudoso Celso, havia falecido. Bem, pelo menos ele deve ter chegado ao céu feliz com uma faixa a mais no peito.

Jefe Cioatto botou no ar às | 15:27
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